quarta-feira, 29 de junho de 2011

V - Surpresas

Aquela noticia caiu como mais uma bomba no meu já agitado dia, mas a bomba não ficou por ali, quando voltei à realidade tinha o Nelson abraçado a mim e todos os nossos amigos a felicitarem-nos pelo nosso namoro. Mais uma vez os meus olhos cruzaram com os do Ruben e mesmo sabendo que não era o mais correcto, confesso que me deu um gozo enorme vê-lo cheio de ciúmes e por isso mesmo piorei um bocadinho mais a situação pendurando-me no pescoço do Nelson e dando-lhe um enorme beijo. O que começou por ser um beijo provocatório, terminou como um beijo que não apenas de amizade, ele abraçou-me de uma forma tão forte que pela primeira vez desde que tinha saído de casa me tinha sentido protegida. As minha amigas olhavam para mim surpreendidas, afinal a conversa que tinhamos tido momentos antes não deixava prever que aquilo podesse acontecer. Entretanto eu voltei ao trabalho e o pessoal começou a ir embora, como já estava pouca gente no bar, disse ao Bernardo para ir para casa, pois eu fechava o bar, claro que o Nelson prontificou-se logo a ficar comigo. Assim foi, o Bernardo saiu e pouco depois também as pessoas que ainda estavam no bar sairam também, arrumei as coisas e o Nelson levou-me a casa, mal entrámos senti logo o seu corpo a colar-se ao meu.
- Ei, calminha sim...
- Linda estou doido para te ter.
Afastei-me repentinamente e ele percebeu o meu desconforto.
- Desculpa...
- Não tens que pedir desculpa, eu só quero fazer as coisas com mais calma, percebes?
- Sim, eu não devia ter tido tanta pressa.
- Pois não, ainda não falamos a sério sobre isto, lembraste quando estavamos lá no bar e te ia pedir um favor.
- Sim, não chegaste a pedir porque o Bernardo chegou a pedir o champanhe.
- Exacto.
- Então diz lá, os teus desejos para mim são ordens princesa.
Aquela expressão dele fez-me sorrir e foi tão bom ouvir aquelas palavras.
- Estás a habituar-me mal.
- Tu mereces linda. Mas diz lá...
- Em primeiro lugar pára de me tratar assim - pedi-lhe e quando ele se preparava para mais uma investida, afastei-me e voltei a falar - em segundo lugar, vamos com calma eu queria ter mantido isto em segredo, mas agora é impossível, por isso já que os nossos amigos já sabem, vamos ser discretos. Pode ser?
- Claro que pode, é como tu quiseres. Agora anda cá, quero curtir a minha namorada à vontade.
- Não te ponhas com ideias, eu tenho que ir para a faculdade de manhã.
- Só um bocadinho, vá lá...
Ele pediu-me de uma forma tão carinhosa que não tive coragem de lhe dizer que não, sentei-me perto dele no sofá e os seus braços envolveram o meu corpo. Ele deu-me um beijo e depois eu pousei a minha cabeça sobre o seu peito, os meus pensamentos eram vários, tinha sido um dia de muitas emoções.
Acordei sobressaltada na minha cama, olhei para a almofada do lado e lá estava o Nelson, o meu coração quase que me saiu da boca por o ver ali, ele deu por eu me mexer e abriu os olhos.
- O que é que estás aqui a fazer? - perguntei ao dar um pulo da cama.
- Calma, tu ontem adormeceste e eu trouxe-te para a cama.
- E ficaste aqui a dormir porque?
- Porque estavas tão linda a dormir que me deitei um bocado a ver-te, devo ter adormecido e nem me apercebi. Não queria que ficasses chateada, desculpa. - quando acabou de falar levantou-se, pegou nas suas coisas e saiu. Fiquei de consciencia pesada e por isso fui atrás dele.
- Nelson?!
Apanhei-o na sala a pegar no casaco que lá estava.
- Espera... - pedi-lhe.
- Diz?
- Desculpa, eu não devia ter reagido assim mas a verdade é que estou sozinha à tanto tempo que me custa esta mudança tão repentina.
- Não te preocupes, eu também não devia ter abusado.
Ele estava triste, eu sabia que ele me compreendia mas isso não mudava o facto de ele estar triste com a minha indiferença.
- Ei, vens ajudar a tua namorada a preparar o pequeno-almoço? Tenho que ir para a faculdade daqui a nada por isso tens pouco tempo para aproveitar... - com o que tinha acabado de dizer vi um sorriso novamente naquela cara.
- Então e o que vamos fazer nós para o pequeno almoço?
- Pois, acho que não tenho muita coisa, talvez uns ovos mexidos, torradas e sumo de laranja?
- Pode ser... Carlota?
- Sim.
- Tu não costumas correr todas as manhãs?
- Sim, mas antes de ir para a cama também costumo pôr o despertador o que não aconteceu ontem e se eu fôr correr agora, não chego a horas à faculdade.
- Desculpa mais uma vez.
- Pára de pedir desculpa. Não fui hoje, não tem problema vou amanhã.
- Mas não foste por minha culpa.
- Não, eu não fui porque ontem estava demasiado cansada e não pus o despertador. Está tudo bem, vou amanhã.
- Então e se para te compensar formos almoçar fora?
- Agora sou eu que peço desculpa.
- Porquê?
- Porque tenho a manhã cheia na faculdade e duvido que esteja despachada à hora do almoço e como vou entrar às 14h no bar...
- Não te preocupes e se eu te fõr levar à faculdade e depois te fôr buscar?
- Não sei Nelson, tu deves ter imensas coisas para fazer.
- Já te disse para não te preocupares. Podemos combinar assim?
- Combinado.
Depois de tomarmos o pequeno almoço e de nos arranjarmos ele foi-me levar à faculdade e na hora de me ir buscar lá estava ele.
- Pronta para o nosso almoço?
- Eu tenho que ir já para o bar, depois pedimos qualquer coisa pode ser?
- Não.
- Porque não? Já te disse que tenho que ir já para o bar o Bernardo tem que ir almoçar e eu não lhe posso falhar hoje.
- Nós vamos para o bar, mas primeiro achp que mereço um beijo, ou não?
- Tanta coisa só por causa de um beijo? Tonto... - aproximei-me dele e beijei-o, quando virei costas novamente para entrar no carro ele puxou o meu braço, olhou-me nos olhos e juntou os seus lá lábios aos meus, confesso que aqueles beijos e todos aqueles cuidados comigo estavam a deixar-me nas nuvens e também muito mal habituada. No fim de mais aquela troca de carinhos entrámos no carro e dirigimo-nos ao bar, quando lá cheguei tive mais uma suspresa.
- Tu és doido! Eu nao acredito que o Bernardo foi neste filme...
- Não gostaste?
- Parvo, claro que gostei, mas não havia necessidade disto tudo. - Ele tinha preparado um almoço para nós, haviam flores espalhadas por todo o lado e uma mesa cheia de coisas boas.
- Claro que havia, eu disse-te que ias ter tudo a que tinhas direito e que te vou fazer a mulher mais feliz deste mundo.
- Obrigada.
O almoço foi bastante animado, o Nelson era uma pessoa espectacular e muito divertido e embora sempre o tivesse visto como amigo, o meu sentimento estava a mudar. Toda aquela atenção e o cuidado dele comigo, estavam a mexer com os meus sentimentos e embora eu estivesse muito magoada com tudo o que o Ruben me andava a fazer, sabia que era tempo de me deixar levar por outra paixão e o Nelson estava a contribuir para essa mudança que era necessária na minha vida.
- Então foi tudo do seu agrada minha princesa?
- Estava tudo óptimo, obrigada. Não precisavas de fazer tudo isto.
- Eu disse-te que só queria uma oportunidade e acredita que vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para sermos felizes. Eu gosto tanto de ti que tu nem tens noçao.
- Desculpa se eu te ando a tratar com indeferença, mas apanhaste-me de surpresa com aquela declaração. Mas eu disse que te dava uma oportunidade e é isso que eu vou fazer, juro...
- Obrigada...
Tivemos mais algum tempo na conversa e a namorar, depois o Nelson disse-me que tinhas coisas para tratar a tarde e que aparecia lá a noite, despedimo-nos ele foi embora e eu comecei o meu trabalho no bar. Decidi pôr uma música ambiente e aproveitei para estudar um bocado, como estava tudo calmo no bar tinha tempo para isso, foi nessa mesma altura que vi o Ruben entrar no bar... Mas o que será que ele ainda queria de mim?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

IV - Mais uma bomba...

- Não, eu e o Nelson não estamos juntos.
- Então e aquele beijo?
- Aquele beijo o quê?
- Sim, se vocês não andam porque é que foi aquele beijo?
- Desculpa?
- Carlota estou-te a perguntar que beijo foi aquele, agora deu-te para andares por aí a beijar os nossos amigos?
- Ei, tu estás a exceder-te um bocado, caso não tenhas visto foi ele que me agarrou e me beijou e depois não consigo perceber qual o problema? Que eu saiba não sou comprometida.
- Não, não és comprometida, mas estás a dar esperanças a um amigo e eu não posso deixar que tu faças isso.
- Eu estou a dar esperanças? Qual foi a parte do "Ele é que me beijou" que tu não compreeendeste?
- Ele é que te beijou e vais dizer que tu não continuaste o beijo? Eu vi Carlota, ninguém me veio contar...
- Tu não estás bom da cabeça, aliás eu ainda não percebi o que é que tu tens a ver com isso? Já te disse, eu sou livre e posso beijar quem eu quiser e bem me apetecer e tu não tens que te meter.
- Tenho que me meter sim, tu não gostas dele e estás a deixar que ele pense que gostas.
- Mas quem é que te disse que eu não gosto dele?
- Digo eu.
- Que piada, então conta lá, se não gosto do Nelson de quem é que eu gosto?
- Tu sabes bem que eu sei de quem é. - mal ele falou um arrepio percorreu-me a espinha, era dele que eu gostava e ele sabia disso tão bem.
- Não sabes não, porque eu não posso gostar de alguém que só me faz sofrer, que sabe que me magoou e que continua a magoar consecutivamente.
- Ele é que te magoou? Então e tu não o magoaste a ele?
- Tu estás a gozar comigo? Eu errei sim, mas tu não me deste tempo para emendar o meu erro, sabes bem que aquela altura foi a pior da minha vida, sabes que os meus pais me viraram as costas e tu não foste capaz de compreender nada, não me deste tempo para pensar, para me organizar.
- Não te dei tempo? Eu convidei-te para viveres comigo, achas que eu não sabia como tu estavas a sofrer?
- A desculpa é sempre a mesma, "Eu convidei-te para viveres comigo", então e se eu tivesse aceitado? Ia viver contigo, ias-me sustentar, eu ia viver às tuas custas. Achas que eu me ia sentir bem? Nós na altura ainda nos estavamos a conhecer, não namorávamos, tinhamos apenas dado uns beijos e passado uma noite juntos, achavas correcto da minha parte ter aceite a tua proposta e ter-me enfiado na tua casa à espera que tu me sustentasses?
- E qual era o mal disso? Nós gostavamos um do outro e depois tu ias estar a estudar, não tinhas tempo para trabalhar.
- Não tinha tempo para trabalhar? Então achas que eu faço o quê, ando a brincar é?
- Não, mas achas que isto que fazes aqui é trabalhar? Viste a que horas chegaste hoje aqui?
- Mas tu agora andas a controlar-me? Primeiro vens pedir satisfações pelo beijo, depois vens cobrar e dizer que eu é que te magoei e agora até já vens pôr o meu trabalho em causa?! O que é que tu queres mais de mim, não chega já?
- Ainda bem que não quiseste vir viver comigo, cada vez me convenço mais que a Mariana é a mulher da minha vida e que fiz a escolha certa quando não esperei que te resolvesses...
Aquelas palavras foram como flechas no meu coração, que o atingiram tantas vezes ao ponto de abrir um buraco enorme. Ele depois de falar virou costas e seguiu para a mesa onde estava a namorada e os nossos amigos, eu fiquei ali, completamente estática e sem saber o que dizer ou fazer, ele já me tinha magoado antes mas nunca desta forma cruel e insencível. Retomei o meu trabalho com as lágrimas nos olhos e a implorar para que elas nao caissem, mas foi escusado, elas caíam e eu limpava mas elas voltavam a cair, os nervos tomaram conta de mim, na minha cabeça aquelas últimas palavras ecoavam de tal forma que eu não conseguia pensar em mais nada, fui acordada daquele estado pelo Nelson que ao ver-me chorar daquela maneira limitou-se a abraçar-me.
- Desculpa linda.
- Estás a pedir-me desculpa porquê?
- Porque não te queria deixar assim, desculpa a cena do beijo, compreendo que tu não tenhas gostado mas não tens que ter medo de me dizer.
- O quê? - perguntei meio atordoada.
- Carlota, eu gosto de ti, gosto mesmo de ti e só te quero ver feliz. Eu sou teu amigo e nunca na vida vou deixar e o ser, mas aquilo que eu sinto agora, tu não tens noçao e só te peço uma oportunidade, só uma Carlota...
- Nelson eu não sei, tu és meu amigo e se há coisa que eu tenho a certeza é que não quero perder-te.
- Só uma oportunidade Carlota, por favor...
- Nelson?!
- Só uma, eu prometo que se virmos que não vai dar nada acabamos e ficamos amigos na mesma.
- Jura?
Ele abriu um sorriso e respondeu-me sem demora - Juro que te vou fazer a pessoa mais feliz deste mundo e que se por algum motivo nós não nos dermos bem, vamos voltar a ser amigos como sempre.
- Ok. Não te esqueças do que prometeste...
- Não me vou esquecer.
- Só te queria pedir mais um favor...
- Todos os favores!
Eu nem pude falar porque o Bernardo veio ter connosco a chamar-nos e a pedir para levar uma garrafa de champanhe, pois era hora de comemoração.
- Mas comemorar o quê?
- Já vês. Anda lá e traz o champanhe.
- Fixe, então temos outra razão para comemorar... - disse o Nelson
Eu fui buscar o champanhe e fui ter à mesa onde eles estavam:
- Então qual é o motivo da comemoração? - perguntou o Nelson.
A Ju e a Tita olharam para mim e eu não percebi aquele olhar.
- O Ruben convidou-me para ir viver com ele e eu aceitei...
Aquela noticia caiu como uma bomba na minha cabeça, ele, o meu Ruben tinha acabado de convidar outra pessoa para ir morar com ele... Ele olhava para mim e eu só me apetecia perguntar-lhe porquê, porque é que me estava a fazer uma coisa daquelas, não chegava já o que me tinha dito minutos antes, tinha que me magoar ainda mais?

domingo, 26 de junho de 2011

III - Depois do choque... Outro choque!!

O choque passou e eu resolvi retomar o meu trabalho, saí de perto dele o mais rápido que pude, não foi a atitude mais correcta mas aquela declaração deixou-me sem saber o que lhe responder. Enquanto me dirigia a uma das mesas senti o meu braço a ser agarrado, era o Nelson:

- Vais deixar-me assim? Ouviste o que acabei de te dizer?

- Que queres que te diga, apanhaste-me de surpresa, tu és meu amigo, é assim que te vejo...

- Isso quer dizer o quê?

- Quer dizer que acho que te estás a precipitar, andas confundido, nós somos só amigos. Amigos!

- Eu sou teu amigo sim, mas não é só isso que eu quero, não ouviste a parte em que disse que te desejo?

- O que eu ouvi foi um monte de disparates que saíram da tua boca.

- Disparates? Eu vou-te provar como não são disparates... - quando acabou de falar, levou a sua mão ao meu pescoço e puxou-me para ele, num movimento rápido juntou os seus lábios ao meus e beijou-me. Foi um beijo calmo, um beijo que me fez entender que ele estava mesmo apaixonado por mim. Não deixei aquele beijo prolongar-se muito mais, tinha que acabar com aquilo o mais rápido possível, não era justo para ele eu estar a enganá-lo, éramos demasiado amigos para que algo pudesse acontecer. Quando parei aquele beijo vi que os nossos amigos nos olhavam, ele olhava, aquela pessoa por quem eu estava perdidamente apaixonada estava de olhos postos em mim e estava surpreendido com aquilo que acabava de ver tal como todos os outros. Foi aí que olhei para o Nelson e o vi a sorrir para mim.
- Porque é que fizeste isto? Passaste-te? Não ouviste quando eu disse que somos só amigos?
- Para que é que continuas com isto? Tens coragem de me dizer que ao sentiste nada quando te beijei?
- Porque é que fizeste isto, ainda por cima ao pé dos nossos amigos?
- Assim eles ficam já a saber que eu estou doido por ti.
- Tu estás doido sim, mas não é por mim... Esses dias todos a apanhar sol fizeram-te mal à cabeça.
- Ya, estes dias todos sem ti acabaram com a minha dúvida, agora tenho a certeza...
- Pára... - já estava cheia daquela conversa, não queria magoá-lo porque ele era meu amigo mas ele não estava a ouvir o que eu lhe estava a dizer, por isso mesmo virei costas e pedi-lhe para falarmos depois e combinámos falar quando o bar fechasse. Continuei o meu trabalho e pouco depois quando estava ao balcão a Ju e a Tita aproximaram-se:
- Carlota que é que foi aquilo? Pensei que tu gostasses era do...
- Shiu... E gosto, mas o que é que queres que faça, o Nelson apanhou-me de surpresa. - respondi à Ju.
- Vê lá o que fazes amiga, o Nelson é uma pessoa impecável...
- Eu sei Ju e por isso mesmo logo vou ter uma conversa séria com ele. Eu gosto imenso dele, mas só como amigo...
- Não queria estar no teu lugar amiga, vais acabar por magoar o Nelson e ele não merece. - constatou a Ju.
- Eu vou magoá-lo de qualquer forma, mas claro que não posso deixar isto continue, logo quando falarmos vou-lhe dizer a verdade, que só podemos ser amigos e que não podemos estragar uma amizade destas por algo que não vai dar certo.
- Sim, é o melhor que fazes. Vais ver que daqui a uns tempos volta tudo ao que era. - disse a Ju.
- Espero bem que sim, eu adoro-o e a última coisa que quero é que ele sofra por minha causa.
- Mas e se tentasses? Podia ser que conseguisses esquecer o...
- Não posso tentar nada Tita, só o ia fazer sofrer mais...
- Ela tem razão Tita, não pode usar um para esquecer outro.
- Eu não estou a dizer isso, eu estou a dizer que ela se tentar pode ser que se venha a surpreender, pode ser que se apaixone a sério pelo Nelson. Eles dão-se tão bem, quem sabe se não poderiam entender-se e serem felizes.
- Não posso fazer isso Tita, ele é importante demais como amigo para eu tentar uma coisa dessas.
- Tu é que sabes amiga, só acho que até te fazia bem, andas muito em baixo e com o Nelson ias sentir-te mais apoiada e até te podias apaixonar, pensa miúda. - foi quando estavamos a falar as três, que o vi aproximar-se de nós:
- Carlota, podemos falar.
- Claro.
- Nós vamos para o pé deles. Até já.
Elas foram embora e ele ficou em silêncio, o meu coração parece que queria saltar-me do peito de tão acelerado que estava, foi quando eu ia a falar que levei com a pergunta dele:
- Tu e o Nelson estão juntos?

sábado, 25 de junho de 2011

II - A Revelação

 
A tarde na faculdade passou rápido, tinha um trabalho para terminar e entregar, estávamos um pouco atrasados mas com dedicação lá conseguimos. Quando ia a sair da faculdade recebi uma chamada da Ju:
- Hello miúda, onde andas?
- Acabei de sair da faculdade.
- Estamos no Bi, pensavamos que já aqui estavas.
- Não, tive um trabalho para entregar e só o acabei à bocado. Vou só passar em casa para mudar de roupa e vou já para aí.
- Ok, até já
- Até já.
Passei rápido em casa, tomei um duche e comi, saí pouco depois em direcção ao bar. Quando lá cheguei, estava um grande grupo junto ao balcão, lá estavam as minhas amigas, bem como muitos dos nossos amigos que tinham regressado de férias, inclusivé ele, sim, ele já tinha chegado e estava lindo de morrer. Foi enquanto estava a apreciar aquela linda visão que senti uns braços a agarrarem-me a cintura.
- Finalmente chegaste...
- Que susto Nelson!
- Ui, não me digas que te deixei o coração a palpitar, vês, afinal sempre mexo contigo...
- Mexes, mexes... Nem imaginas tu como, se eu não te conhecesse tão bem, diria que te estavas a atirar a mim.
- Se calhar estou, tu é que ainda nao percebeste.
- Cromo... - deixámos aquela troca de palavras que já me estava a deixar desconfortável e seguimos para o pé dos nossos amigos.
- Finalmente Carlota. - resmungava a Ju.
- Bem estavas mesmo a sentir a minha falta.
- Claro miúda, aqui já estava toda a gente a estranhar a tua ausência.
Cumprimentei toda a gente inclusivamente ele e fui para trás do balcão, pouco depois o pessoal começou a dispersar e ficou apenas o Nelson junto a mim.
- Quando é que me vais fazer umas daquelas bebidas que só tu sabes fazer?
- Mau, Nelson Oliveira tu já estás a abusar...
- Ai miúda, não percebo qual é a cena.
- A cena é que tu andas a exceder-te um bocado, já chega dessas cenas eu sei que é só na brincadeira, mas se o pessoal ouve vai começar a meter macaquinhos na cabeça. Já viste o que temos que ouvir se Ju se apercebe disto?
- E se não fôr na brincadeira?
- Nelson deixa-te de gozar com a minha cara, sabes bem que a última coisa que preciso é que me chateiem a cabeça por causa de namorados e tu não estás a ajudar nada.
- Mas qual é o mal de teres namorado? Também mereces ou não?
- Pára com isso Nelson!
- Não páro nada, ando com isto entalado à imenso tempo.
- Nelson eu estou a trabalhar, importaste?
- Carlota por favor, ouve o que tenho para te dizer.
- Se vais dizer parvoices mais vale estares calado.
- Parvoice? Eu gostar de ti é uma parvoice?
- Ah era isso, claro que não. Eu também gosto de ti.
- Carlota eu não estou a brincar, eu gosto de ti, gosto mesmo de ti...
- Eu já te disse que também gosto de ti, posso ir trabalhar agora?
- Pára! Tu sabes o que eu estou a dizer, eu gosto de ti, sinto saudades quando não estou contigo, tenho vontade de te abraçar, de sentir o teu corpo junto ao meu, tenho uma vontade enorme de tocar nesses lábios. Nestes dias que estive de férias, que estive longe de ti dava comigo a pensar em como adorava que estivesses comigo, como te queria ligar a todas as horas e quando ia dormir sentia um enorme desejo de te ter ao meu lado...
Eu nada disse, aquelas palavras deixaram-me em estado de choque, o meu amigo tinha acabado de se declarar a mim e eu não sabia o que dizer perante aquilo... Seria mesmo verdade o que eu tinha acabado de ouvir?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

I - Mais um dia...

Aquele dia era mais um, mais um dia sem o ver, mais um dia em que teria mil e uma coisas para fazer, o trabalho, a época de exames na faculdade, a minha mãe que me ligava todos os dias a pedir para reconsiderar a minha decisão... Andava bastante em baixo e o facto de não o ter ali estava a dar comigo em doida, precisava nem que fosse de o ver, de ouvir os seus conselhos, de ver aquele sorriso e rir das suas palhaçadas.
Depois da minha corrida matinal fui para o bar, tinha combinado ir com o Bernardo fazer compras.
- Carlota não tenho gostado nada de te ver assim...
- Eu sei Bê, mas cada vez é mais difícil, a minha mãe tem andado em cima de mim e sabes como eu me tenho empenhado em tudo, mas está muito dificil...
- Já sabes que tens todo o meu apoio e quando não puderes ir trabalhar não tem problema nenhum.
- Obrigado, tens sido uma grande amigo, mas sabes bem que eu não me sinto bem se não fôr trabalhar, é uma questão de responsabilidade.
Enquanto eu fui buscar alguns congelados ele ficou de ir buscar uns snacks e quando cheguei ao pé dele novamente encontrei-o ao telefone.
- Ya puto, a Carlota está comigo, a seguir vamos para o bar... Não puto, ainda devemos demorar algum tempo, ainda tenho que ir buscar algumas bebidas e depois temos que passar em outro sitio... Ok, então combinamos almoço?... Ok, eu vou tentar que ela vá, até já puto, abraço... - ele desligou e reparou que eu já estava ao pé dele - Vens almoçar comigo hoje...
- Então e o bar?
- Abrimos mais tarde...
- Almoçar contigo e com mais quem?
- Com o Nelson.
- Ele já voltou?
- Ya.
- Mas ele ainda me quer ver a frente? Depois da forma como eu lhe falei antes dele ir de férias pensei que nunca mais me quisesse pôr a vista em cima...
- Não sejas assim, ele insistiu contigo porque sabe que tu estás a precisar de férias.
- Eu sei, mas não insistiu apenas um bocadinho, insistiu bastante...
- Não o podes culpar por isso, ele adora-te e culpa-se por te ter abandonado quando mais precisaste. Agora só te quer compensar.
- Eu sei, mas ele não tem culpa de nada e nem sequer me abandonou, sabes bem que me ligava todos os dias.
- Sim, mas também sabes que não era a mesma coisa.
- Ok, mas eu ir de férias com ele não ia compensar nada, até porque com os exames que eu tinha e continuo a ter não dava mesmo.
- Sim, mas tens que descansar tu andas sobrecarregada miúda, se continuas com este ritmo ainda ficas doente.
- Ui, como o meu paizinho não quer saber de mim, agora tenho-te a ti a fazer de papá? Estamos mal, porque se eu não liguei ao meu verdadeiro pai, achas que vou ligar ao que tu estas para aí a dizer?
- Pois, que não ligas sei eu, mas bem que podias ligar, sabes que só quero o teu bem.
- Eu sei Bê, mas já te prometi que quando sentir que tenho mesmo que descansar que te digo.
- Gostava de acreditar nisso.
- É melhor nem continuar com a conversa, eu vou-te pedir para acreditares e tu vais dizer que não consegues e ainda nos vamos chatear...
- Pois...
Continuámos as nossas compras e depois de passar no bar as levar as compras fomos directos para o restaurante onde o Nelson nos esperava.
- Então puto, já aqui estavas à muito tempo?
- Não, acabei de chegar. Já vi que conseguiste convencer aqui a melga a vir.
- Mau, se é para me chamares melga vou-me já embora.
- Claro que não vais, anda cá baixinha, estava a morrer de saudades tuas.
- Exagerado, mas vá conta lá como correram as férias.
- Foram boas, deu para descansar, mas não estava a exagerar quando disse que tinha saudades, fizeste-me imensa falta...
Aquela confissão deixou-me um pouco constrangida, no entanto tentei não dar muita importancia - Claro que fiz, lá não tinhas ninguém para te chamar melga, para dizer que pareces uma menina para te arranjares, alguém para te mostrar quem é melhor na piscina... Óbvio que fiz falta.
O resto do almoço correu bem, o Nelson era um grande amigo, que me tinha feito muita falta nos últimos dias. Quando terminamos de almoçar o Bernardo foi levar-me ao bar e eu segui para a faculdade.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Personagens

Carlota - 19 anos, vive em Lisboa e estuda Gestão do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana. É uma rapariga um pouco tímida que detesta dar nas vistas, saiu de casa quando completou o ensino secundário pois teve uma enorme discussão com pai por causa da sua opção de seguir um curso que o pai não aprovava. Por isso mesmo, teve que passar a sustentar-se e começou a trabalhar no bar do seu amigo Bernardo. É uma desportista nata, que sabe as regras de todas as modalidades. O seu dia começa sempre com uma corrida, que a deixa sempre com mais força e bem disposta.

Ju (Julieta) - Amiga de infância de Carlota, cresceram juntas pois os seus pais eram muito amigos. É o oposto da Carlota, adora ser o centro das atenções e é muito extrovertida. Vive com pais, mas adora passar as noites em casa da Carlota.

Marta (Tita) - Amiga da Carlota e da Ju, elas são as melhores amigas desde sempre, onde uma vai as outras vão juntas, têm uma amizade como já existem poucas. No dia que a Carlota saiu de casa, quer a Marta quer a Ju estiveram ao lado dela. Ainda vive com os pais, no entanto passa muito tempo e até algumas noites na companhia das suas amigas na casa da Carlota.

Bernardo (Bê) - Amigo das três e dono do bar onde a Carlota trabalha, foi um grande amigo que a ajudou muito quando esta saiu de casa. Deu-lhe trabalho e conseguiu que os pais alugassem a casa onde a Carlota vive. Tem como amigos vários jogadores de futebol que frequentam o seu bar que tem por nome BBar.